Vou inaugurar um espaço aqui nesse blog para falar de música. Só que antes de tratar de lançamentos atuais, vou fazer um breve review do que eu escutei em 2006. Cada post trará um CD. Como os estilos musicais aqui tratados podem variar, não vou colocá-los numa lista, do melhor para o pior. Vou me resumir a colocar pontos fortes e fracos.
A Fever You Can’t Sweat Out – Panic! At the Disco
Letras complexas e músicas vibrantes. Basicamente é isso que encontramos nesse CD, o álbum de estréia dessa banda e que, apesar de ter sido lançado em 2005, só tive o prazer de ouvir ano passado. Isso em decorrência da faixa “I Write Sins Not Tragedies”, que estourou nas rádios brasileiras em 2006. Infelizmente, na mesma época algumas bandas (odeio rótulos, mas nesse caso só tem como definir assim) “emo” estavam no seu auge na parada brasileira. O resultado: Panic! At the Disco foi injustamente colocado nesse bolo.
De emo, Panic! At the Disco não tem nada. Não há letras depressivas, que (só) falem de frustrações, do tipo “minha mãe não gosta de mim, meu pai me expulsou de casa e agora eu não tenho mais o banheiro para ir chorar”. Talvez o rótulo tenha surgido devido ao visual dos integrantes da banda. Pena que os críticos esqueceram que nos EUA esse estilo de franjinha e tal não é como aqui, quase exclusividade dos emos. Com isso, muitos trataram o Panic! At the Disco como mais uma banda emo que aterrisou nas rádios daqui.
Voltando ao CD. A Fever You Can’t Sweat Out possui dois momentos distintos, sendo um deles moderno e outro mais retrô. Outra característica das músicas é o seu extenso nome. Para citar um deles, “There's a Good Reason These Tables Are Numbered Honey, You Just Haven't Thought of it Yet”. Sim, é o nome da música. Por sinal, essa faz parte da porção mais retrô do álbum, com o uso de pianos e uma levada que lembra um pouco das músicas tocadas em bailes “da época dos nossos avós e pais”. Já a porção mais moderna traz “The Only Difference Between Martyrdom and Suicide is Press Coverage”, faixa que possui um interlúdio totalmente eletrônico, além do uso de samplers e sintetizadores.
Por fim, a dúvida: do que eles falam? Assuntos banais, situações inusitadas e um toque mais rebuscado na escolha das palavras fazem parte do repertório da banda de Las Vegas. Para citar um exemplo temos a primeira estrofe da “I Write Sins not Tragedies”, que mistura ironia e sarcasmo numa situação insólita:
Oh, well imagine; as I'm pacing the pews in a church corridor,
and I can't help but to hear, no I can't help but to hear an exchanging of words:
"What a beautiful wedding, what a beautiful wedding!" says a bridesmaid to a waiter.
"Yes, but what a shame, what a shame, the poor groom's bride is a whore".
Pontos fortes:
- som inovador, capaz de mesclar influências distintas, como rock clássico e música eletrônica;
- ritmo ágil, com músicas animadas;
- um álbum coerente, com a incrível (e rara) capacidade de poder ser ouvido da primeira até a última música.
Pontos fracos:
- álbum curto: pouco mais de 39 minutos.
Veredicto:
Som que mescla experimentalismo e escola clássica, o Panic! At the Disco foi a banda mais legal que eu conheci em 2006. Poderiam ter feito um álbum com mais músicas, já que após ouvir “Build God Then We’ll Talk”, última faixa do CD, fica um gostinho de “quero mais”. Como definir? Simples: rock moderno de primeira!
3 comentários:
nossa, nunca vi vc falando de música antes...
Eu queria acrescentar que as franjinhas do Panic tão mais pra uma releitura glam-modern-rock dos cabelos dos antigos durans durans do que propriamente dessa onda emo - cuja extensão menos adolescente é a cena indie, impregnada de bandinhas de quinta categoria e repetecos de si mesmos.
Como te disse, veja fotos dos Ramones e verá franjas homéricas. Veja os moleques do vídeo do pokémon e verá franjas.
Indie pra mim são aqueles que moram nas ocas. Você já deve ter ouvido eu falar essa frase. O indie pra mim se tornou mais um objeto de ostentação, do naipe "olha, adoro uma banda que vc não conhece e nunca ouviu e manjo mais de música que você".
É foda como generalizam e deturpam tudo...
Postar um comentário