terça-feira, maio 15, 2007

Vergonha

Todo mundo que lê esse blog sabe que sou corintiano ferrenho. Mas devo abrir espaço para que seja relatado um fato revoltante ocorrido com as três maiores torcidas organizadas dos nossos maiores - e únicos - rivais.

Domingo, 13 de maio de 2007. Treze ônibus da torcida palmeirense, sendo 10 da Mancha Verde, 2 da TUP e 1 da Savóia, partem em direção ao Riod e Janeiro, local em que seria disputada a primeira partida do Palmeiras no Brasileirão 2007, contra o Flamengo no maracanã. A viagem - longa por si só - terminaria na sede do Vasco da Gama. De São Paulo, os líderes da torcida combinam com o comandante da PM do Rio de Janeiro o esquema de escolta, para que fossem evitados os problemas. A condição: os ônibus deveriam chegar cedo na cidade. E assim foi feito, já que o comboio chegou às 9 horas no Rio.

Os problemas começaram na ida ao estádio, quando os ônibus não tiveram nenhum tipo de escolta. Ao chegar no estádio, os torcedores foram impedidos de comprar ingresso, mesmo estando o estádio longe da sua capacidade máxima. Após conversa, longa, os torcedores conseguiram entrar com 30 minutos de atraso.

Integrantes da torcida afirmaram sofrer ameaças durante o jogo, por parte da PM. Entre essas ameaças, houve uma que se concretizou. Os torcedores seriam atacados na saída da cidade. E isso ocorreu na chegada ao primeiro pedágio da Rodovia Presidente Dutra, quando carros na contra-mão cercaram os ônibus e dispararam diversos tiros. A polícia nada fez, chegando no local e revistando os ônibus da torcida. Enquanto isso, os criminosos fugiam.

Posteriormente, foi noticiado na imprensa carioca que os torcedores do Palmeiras haviam saqueado o pedágio, ato impossível de se fazer quando se está sob fogo cerrado. Um torcedor foi identificado pela polícia pelo fato de não ter pago pensão alimentícia.

Agora o fato mais triste: um torcedor, pai de duas crianças e casado, foi atingido na cabeça durante o tiroteio e está em estado de coma.

Isso será noticiado? Duvido. Ainda mais com a possibilidade de haver PMs envolvidos.

Então presto aqui a solidariedade a um amigo que está presente no ocorrido e que, ainda bem, saiu ileso. E espero que esse tipo de fato não ocorra mais e, caso aconteça, os responsáveis sejam punidos.

7 comentários:

Rodrigo Barneschi disse...

Cara, agradeço a solidariedade.

Já me acostumei a ser vítima de muita injustiça da PM, mas a deste domingo superou qualquer outra.

Não passei por apuros na ida, pois já estava no Rio desde sexta-feira. Comprei meu ingresso nas Laranjeiras no sábado porque já imaginava esse tipo de problema.

A PM fez de tudo para foder a vida dos torcedores que vieram de SP. Tudo. Deixaram pelo menos dois ônibus para fora - eles voltaram a SP ainda com o jogo em andamento -, sendo que havia apenas 8 mil pessoas no imenso no Maracanã. No nosso espaço, que devia bem comportar 6 ou 7 mil, havia pouco mais de mil.

E a Mancha só entrou depois de muita insistência. Veja a que ponto chegamos: nego viaja 500km e precisa insistir, com ingresso na mão, para poder entrar no estádio.

Isso foi pequeno, no entanto, diante do que veio depois.

Desde a saída até a chegada à Dutra, já sem escolta.

Viajar 15 minutos no chão do ônibus enquanto os tiros vêm do alto e do lado? Ver um companheiro ser baleado e perceber, logo depois, que eu só escapei de uma bala por sorte? Não saber o que fazer para se proteger dos tiros? Ter a sensação de que algo ruim pode acontecer a qualquer momento?

O que pode ser pior que isso?

Ah, eu sei.

Pior que é isso é chegar em casa às 6h da manhã, trabalhar com o corpo destroçado e ainda ver a nossa querida imprensa estampar na manchete: "Palmeirenses fazem arrastão na Dutra".

Imprensa suja!

Rodrigo disse...

Pois é cara. De qualquer forma, ainda bem que não te aconteceu nada.

E essa história merece ir pra algum jornalista competente.

Abs

Anônimo disse...

Duas coisas:
1º Corinthiano ferrenho é redundancia.
2º Sempre fui e sempre vou ser um torcedor desorganizado, daqueles que vão a estadios e gritam o nome do time, e não da torcida.
Quanto ao que aconteceu a seu amigo é lamentavel, porém previsivel. Infelizmente pra cada gente boa (como seu camarada) que se alista nestas torcidas ditas organizadas, também ajuntam-se mais 30 tranqueiras. E não falo de camarote não, falo de ver fichas corridas de delegacia, que minha profissão ainda permite.
Ron Groo.
Ps. Barneschi, sai desta o Palmeiras é muito mais importante que a Mancha e sua vida mais importante que tudo. Torcer sim, viver sim. O resto é resto.
Boa Recuperação.

Rodrigo Barneschi disse...

Cara, nem se compara a grandeza de Palmeiras e Mancha Verde. Mas tenho bons amigos lá e toda uma vida na entidade. Há gente boa e gente ruim, mas posso te assegurar que os bons prevalecem. Depois de tudo isso, muda muita coisa, é fato, mas continuo sendo da Mancha. Com outra pegada, mas continuo lá.
Abraços e valeu!

Felipe Maciel disse...

Cara, li seu post com o queixo no chão. É lamentável, nem sei bem o que dizer, o absurdo fala por si só.
Não gosto de ir a estádios, só fui uma vez quando pequeno, foi sem problemas mas não pretendo ir mais. Até que me provem o contrário, não vejo vantagem nenhuma em assistir lá ao invés de sentado em frente à TV. Nada contra quem prefere, quem gosta, mas pra mim não vale a pena.
Fico feliz pelo seu amigo ter se livrado do pior, infelizmente um torcedor não teve a mesma sorte. O cara foi ao estádio pra se divertir e até agora não se sabe se conseguirá voltar pra casa. É impressionante uma situação dessas. Afinal, quando isso vai mudar? E a resposta é unânime: nunca. E chegará o dia em que coisas assim serão consideradas banais. É uma vergonha mesmo.

Craudio disse...

Tudo que eu digo é: IMPRENSA SUJA!

E não se limita ao futebol. Quem esteve na passeata do Dia das Mulheres sabe muito bem o que é distorção de fatos a favor do poder público.

Vagabundo e marginal é quem se esconde atrás de uma cadeira numa redação empoeirada e não se dá ao trabalho de pesquisar. Copia e cola do concorrente e a mentira se espalha.

É o nosso jornalismo esportivo de esgoto.

E só pra polemizar: acho que sugerir a um membro de organizada a deixar a instituição é o mesmo que pedir a um marxista para rasgar a obra do pensador alemão.

Rodrigo disse...

Minhas restrições quanto ao jornalismo - principalmente o esportivo - são públicas.

E quanto ao Barney fora da Mancha, é mais fácil deixarmos de ser corintianos do que isso acontecer....eheheh