segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Questão...

"Semana passada, ao desembarcar após o empate vergonhoso com o Calcinha Preta FC, Émerson Leão, com o seu mau-humor tradicional, passou dos limites..."

Essa seria a linha mais comum nos noticiários esportivos de São Paulo no final da semana passada. Resumo da ópera: Leão, visivelmente irritado, perguntou para a jornalista Marília Ruiz (irmã de um bixo meu na faculdade), da Rede Record, se ela estava ali interessada em jantar ou ir num motel com ele. O bate-boca prosseguiu e a discussão permeou as mesas-redondas dominicais.

Aqui vos pergunto, não se Leão estava certo ou errado - afinal, não há justificativa nenhuma para uma pessoa ser machista e mal-educada -, mas sim o que vocês, jornalistas formados (90% do público desse blog) acham da cobertura futebolística. Uso o caso Leão apenas como pano de fundo, já que ele é o técnico de futebol que tem mais problemas com a imprensa.

Mesmo sendo um jornalista, poderia fazer diversas críticas à imprensa esportiva. Uma delas seria o fato de que futebol SEMPRE é assunto principal, o que acaba deixando outros esportes de força no País (como o vôlei) em um segundo plano. Mas o caso é que, como está abordado num texto do Mauro Beting que coloquei logo abaixo, a imprensa tende a criar cenários dentro do esporte. É como falar, após a 1a derrota de um time X, que o mesmo está em crise. São muitos rumores e poucos fundamentos. E, apesar da grosseria e má-educação de alguns, isso acaba por ser um dos fatores de instabilidade nessa relação entre classes profissionais distintas.

Essa é a minha opinião. Quero saber a de vocês.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Cerveja com Veja

Estava eu outro dia sentado numa mesa de plástico amarelo, em um boteco da região do Glicério, esperando uma amiga chegar. Veja é o nome dela. Fazia muito tempo que não nos encontrávamos e, ao caminhar pela Avenida Paulista no início da semana, acabei por avistá-la do outro lado da rua. Me chamou a atenção a camisa que ela vestia, com uma foto de um menino e uma frase, com os dizeres: "NÃO VAMOS FAZER NADA?".

Decidi então marcar um encontro com ela. Queria esclarecer a razão daquela pergunta. Logo vi que a foto era do menino João Hélio, a vítima mais recente da realidade violenta do nosso país. Esperei por 5 minutos, quando Veja finalmente chegou.

Nos cumprimentamos cordialmente. Ela trazia um semblante carregado, um misto de raiva e indignação. Logo perguntei a razão daquela frase e ela prontamente me explicou que queria uma solução para que esses crimes fossem punidos com o devido rigor. Vi sede de justiça, um olhar parecido com o de um cowboy que teve a família assassinada por algum vilão de western.

Ouvi pacientemente. Cada palavra. Cada sugestão para punir os criminosos desse país. Idéias que fariam tremer qualquer malfeitor metido a corajoso. E só. Terminou ali. Tentei discutir a razão que leva pessoas a tomarem tão bizarra atitude, mas ela não quis me ouvir. Além de cega de raiva, dizia estar com pressa. Para quê eu não sei. Mas saiu. E não pagou a sua parte da conta.

Me permito então responder à pergunta estampada em sua camiseta.

Vamos fazer algo sim, Veja:

Vamos discutir a origem do crime.
Vamos buscar soluções para a causa, não para a conseqüência.
Vamos tentar abrir os olhos e enxergar que há mundo além dos muros de nossas casas.
Vamos deixar um pouco de lado nossos interesses e pensar um pouco no todo.
Vamos aprender a ver qualidades em quem mais criticamos.

Resumindo: vamos fazer tudo que você não faz há anos, Veja.

Topa?

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Crises e crises...

Me dou ao direito de colocar no meu espaço - com o crédito devidamente dado ao seu autor - um texto que o genial Mauro Beting publicou em seu blog.

***


Crises !?!
postado por Mauro Beting

Júnior é mais lateral e jogador que Jadílson.Como o São Paulo tem jogado com uma linha de quatro na zaga (e em linha, mesmo), melhor seria Júnior, que marca melhor.Mas Jadílson tem se saído bem na defesa, e jogou muita bola quando entrou.

Júnior, nos 12 anos brilhantes de carreira, não está acostumado a ser reserva.Chiou com o fato para a imprensa, em vez de procurar Muricy, que soube contornar a questão, colocando panos nas línguas quentes.

Júnior poderia ter falado antes com o treinador. Mas a insatisfação dele não teve nada de desrespeitosa. Foi apenas vontade de jogar. O que é natural.

Mas...

Se fosse no Corinthians... CRISE NO PARQUE SÃO JORGE!!! LATERAL PENTACAMPEÃO DETONA TREINADOR, PEDE CABEÇA DO TITULAR, AMEAÇA IR EMBORA, TREINADOR ESTÁ COM OS DIAS CONTADOS, BEREZOVSKI ESTÁ CHEGANDO COM 171 MILHÕES DE EUROS, E CRISE NO IRAQUE NÃO TEM FIM!!!!!

Se fosse no Palmeiras... CAIO JÚNIOR AMEAÇADO, TIME DEVE SER REBAIXADO, NÃO HÁ DINHEIRO PARA PAGAR SALÁRIOS, MUSTAFÁ PODE VOLTAR, AQUECIMENTO GLOBAL DEVE DERRETER O PALESTRA ITÁLIA, E FANI ESTÁ AMEAÇADA NO BBB-7!!!!!

***

Muito bem dito. Eu até tenho uma explicação para tal. Até numa crise, Corinthians e Palmeiras demonstram que são os clubes mais tradicionais de São Paulo, e digo isso sem desmerecer (até agora) nenhuma outra equipe. E, por mais incrível que pareça, nos últimos anos isso tem sido o que mais atrapalha os dois clubes. Sobra paixão e pressão e falta racionalidade. A mídia sempre está em cima e, como dito no texto do Mauro Beting, tudo nesses dois times tem uma proporção épica.

Nilmar na reserva? Obviamente, Leão está fazendo birra.
Edmundo na reserva? Crise, Caio Júnior não tem mais apoio do elenco.

Jogar no São Paulo é muito mais tranqüilo - e menos passional. Não falo isso pelos títulos, mas sim pelas cobranças. O que a mídia falava quando o São Paulo esteve naquele vácuo que durou até 2005? Nada. Outro sintomas é a presença da torcida. É só vermos as médias de público nos jogos esse ano e daí termos a noção da pressão sofrida. Na penúltima rodada:

Corinthians x Rio Claro - 8.360 pagantes no Pacaembu.
Palmeiras x Ituano - 6.092 pagantes, em Itu (Novelli Jr.) e debaixo de um aguaceiro.
São Paulo x São Bento - 3.877 no Morumbi.

Nem vou entrar no mérito de discutir qual torcida é a mais apaixonada, até porque, se perdermos algum tempo no site da Federação Paulista, veremos que os públicos dos jogos de Corinthians e Palmeiras superam facilmente o dos jogos do São Paulo. A questão é: como a torcida encara o time? Como algo que faz parte da sua vida, que te marca de alguma forma ou como uma diversão de final de semana quando não tem nada mais interessante para fazer?

Sei que alguns torcedores dessas três equipes freqüentam esse espaço. Então deixo o debate para os comentários, se eles existirem, claro.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

De volta às pistas

Quem me conhece sabe o quanto sou apaixonado por automobilismo. "Se tem rodas e anda é porque dá pra correr", costumo dizer, copiando essa frase de algum lugar que não lembro. Sendo assim, tinha mania de ir além do limite em bicicleta com rodinhas, carrinho de pedalar e autoramas, o que rendia alguns arranhões e reclamações.

Há 2 meses e pouco voltei a correr de kart. Nada demais: carrinhos de 6,5 HP, pista pequena, excesso de peso e um pouco de medo. Sim, medo, afinal para fazer curva sem brecar é preciso uma dose de de coragem. Confiar que aquela gaiolinha vai conseguir seguir na pista, sem te levar para um beijo nos pneus, requer uma tempo de readaptação. E ontem percebi que essa confiança está retornando. Quando ela voltar de vez, vale a pena encarar circuitos maiores - e mais caros - e me preocupar em perder uns quilinhos para ganhar velocidade de reta.

O carro de ontem não era dos melhores. Perdia tração facilmente, o que atrapalha muito em curvas mais fechadas. Acho que os pneus estavam velhos. Mas - com o perdão do trocadilho - deu pro gasto!

De qualquer forma, convido os poucos leitores que passam por aqui a irem na próxima corrida. A data ainda será definida, mas provavelmente será entre março e abril. Vale a pena!

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Da gardenalização da política, o retorno

07/02/2007 - 10h27
"Vagabundo" diz que trabalha desde os 10 e que votou na chapa Serra/Kassab

LAURA CAPRIGLIONE da Folha de S.Paulo

Ainda com dor de dente, o microempresário Kaiser Paiva Celestino da Silva, 47, disse que perdoa o prefeito Gilberto Kassab (PFL), que anteontem enxotou-o de um posto de saúde em São Paulo, xingando-o de "Vagabundo, vagabundo".

Kaiser recusou a ajuda em dinheiro oferecida por um programa vespertino de televisão. "Eu sou trabalhador, não aceito esmola", disse no ar. Em vez disso, ofereceu-se para adesivar e pintar o ônibus da emissora de TV --remuneradamente, é claro, "porque senão vicia o cidadão", disse, citando.

Na casa da rua Cecília Calovini, na Vila Zatt, que Kaiser divide com a mulher, Lúcia, com os filhos Samuel, 7, e Maiara, 5, e com a oficina de cartazes praticamente desativada desde o final do ano passado, por causa da Lei Cidade Limpa (que restringe a publicidade exterior), o aluguel está atrasado. Credores são driblados à custa de empréstimos de vizinhos e parentes. Também a igreja evangélica Cristo Centro dá uma força.

Anteontem, nem era para Kaiser ter ido ao posto de saúde Pereira Barreto, bairro de Pirituba, onde o prefeito Kassab inaugurava uma unidade de assistência médica ambulatorial. Quem costuma levar as crianças ao médico é Lúcia. Mas a mulher tinha outro destino --conseguir alguém que ajudasse nas contas de água e luz, antes que as concessionárias cortassem o fornecimento.

Sobrou para Kaiser levar os potinhos com fezes e urina das crianças ao posto, conforme pedido médico de 31 de janeiro. Aproveitaria para pedir que algum dos dentistas extirpasse o dente do siso do lado esquerdo, inflamado e latejando. Não foi atendido (encaminharam-no para outro posto, na Vila Zatt, onde ele está cadastrado).

Kaiser estava confuso, sob efeito de calmantes, quando falou à Folha, mais de 24 horas depois do "Vagabundo, vagabundo". Na pizzaria vizinha, o funcionário conta que viu quando o homem chegou em casa, "chorando como criança".

Líder comunitário, ex-membro do conselho do parque Rodrigo de Gasperi (perto de sua casa), diplomado em cursos de responsabilidade social no terceiro setor, Kaiser diz que votou na chapa José Serra/Kassab em 2004. "Foi o meu filho Samuel que, na cabine indevassável, digitou o número 45", conta. O menino aprova.

O mesmo Samuel acompanhava Kaiser anteontem no posto de saúde. Assustado com a gritaria, o menino escondeu-se atrás de um poste do outro lado da rua. Ontem, Samuel se lembrava da primeira coisa que disse ao pai, depois do incidente: "Pai, por que ele chamou você de vagabundo?"

"Isso é o que mais dói. Eu trabalho desde os dez anos", diz Kaiser, órfão de pai e mãe que ajudou a criar os cinco irmãos menores.

Logo depois da confusão, a prefeitura soltou uma nota oficial em que dizia que Kaiser estava no posto de saúde Pereira Barreto só "para tumultuar", já que ele e seu filho "são cadastrados na Vila Zatt". Ontem, a assessoria de imprensa da secretaria da Saúde admitiu que os filhos do microempresário são pacientes do posto de saúde Pereira Barreto.

***

Pior do que votar numa chapa Serra/Kassab é ajudar a eleger os dois e ainda ser humilhado por um deles que, como dizem em seriados americanos, "tem esqueletos no armário", ou nesse caso, "tem dinheiro sujo no armário".

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Da gardenalização da política...

...ou "deixa o homem se irritar".

***

Prefeito se irrita e expulsa manifestante de unidade de saúde em São Paulo


da Folha Online

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), se irritou, gritou e expulsou um manifestante da AMA (Assistência Médica Ambulatorial) Pereira Barreto, na região de Pirituba (zona norte), nesta segunda-feira.

Kassab, que participava da inauguração da unidade, foi surpreendido pelo homem, que protestava contra o serviço de saúde e contra a Lei Cidade Limpa, que proíbe a publicidade exterior nas ruas da cidade.

O manifestante --que seria proprietário de uma empresa que faz faixas de publicidade-- foi retirado da unidade sob gritos do prefeito. "Saia daqui! Respeite os doentes", dizia Kassab, que chamou o homem de "vagabundo". A prefeitura, em seu site, preferiu afirmar que "o manifestante acabou se retirando da unidade de saúde".

O homem, que foi empurrado para fora da unidade de saúde pelo prefeito, negou ter ido à unidade para protestar e disse que procurava uma consulta com um dentista. Segundo ele, o encontro com o prefeito foi uma coincidência.

De acordo com a administração municipal, a prefeitura decidiu denunciá-lo por fazer manifestação em lugar impróprio.

***

Parece que que o nosso estimado prefeito andou esquecendo de tomar o seu Gardenal diário. Quando não está irritado demais, está pimpão além da conta...

(Ok, eu tb fiz piada com o buraco do metrô. Mas eu não sou prefeito e nem estava sendo gravado.)

***

Em tempo: William Bonner acaba de falar: "(...)e no 3o semestre do ano passado(...)". Depois nós que somos os Homers...

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

A gorda e a Veja

Antes de mais nada, quero dizer que não sou preconceituoso. Não julgo pessoas pela raça, cor, credo e peso. Nem por quaisquer outros atributos. O termo "gorda" serve apenas para diferenciar a pessoa entre as demais. Poderia ser loira, alta, magra....enfim. Quem for comentar me chamando de preconceituoso, acho que já deixei claro que não o sou. Apenas quero deixar claro que odeio pessoas mal-educadas. Do fundo da minha alma quero que elas morram de alguma forma extremamente dolorosa. Feito esse prefácio, começo minha história.

Quarta-feira, 31 de janeiro de 2007. 19:15. Estação Sé do metrô.

Estou eu voltando para casa após mais um dia de trabalho. Um pouco cansado, é verdade, o que implica em uma diminuição da minha dose de tolerância. A estação Sé significa duas coisas para mim:

1 - o trem vai ficar mais vazio
2 - poderei sentar e seguir a viagem ouvindo música

Pode parecer bobagem, mas é importante para mim. Pois bem, as duas coisas aconteceram. O trem esvaziou e um lugar sobrou. Antes de sentar, vejo se não tem nenhum idoso ou alguém com qualquer tipo de necessidade especial que precise realmente do lugar. Feito isso me acomodo.

O problema começou quando eu me aproximei do local e uma mulher de meia-idade, peruésima, estava sentada. Ao chegar perto do assento, a distinta senhora prontamente, como num reflexo, pulou para o lugar mais próximo da janela - local que nunca fiz questão de ocupar nem nos meus dias mais egoístas. Feito isso, se acomodou de forma que uma das suas pernas ocupava metade do assento vizinho - no caso o meu. "Ok", pensei,"quando eu sentar ela vai um pouco pro lado". Quem disse?

A perua (para não usar um termo mais pejorativo) literalmente se esparramou no lugar, como se ocupasse o sofá da casa dela. E como ela era mais "fofa" e eu não estou no auge da minha forma física, ficamos num embate durante algumas estações. Ela com espaço sobrando do seu lado e invadindo a minha porção do assento e eu me equilibrando e tentando ouvir meu MP3. Música me acalma - talvez por isso nem tenha tentado forçar uma conquista territorial. Pois bem, minha única intenção era ter uma viagem tranquila. Até que (não vou resistir) a gorda resolve abrir um exemplar da "revista" Veja (ela se encaixa bem no perfil de quem lê esse aborto semanal) e começou a folhear, bem lentamente, matéria por matéria.

Nesse momento, tive o lampejo de começar a olhar descaradamente a revista, na esperança que a senhora adiposa percebesse que tinha uma pessoa do seu lado. Não deu outra: a doida começou a passar as páginas numa velocidade que nem ela conseguia ver as imagens. Até que, voilà, ela para numa matéria que reflete bem o que é encontrado nessa revistinha lixo:

Fotologs: como adolescentes viram modelos de conduta através dessa ferramenta (ou algo do tipo - fiquei com tanta vontade de rir que esqueci o título dessa merda).

Rídiculo. Uma pessoa ridícula, lendo o expoente da porção mais ridícula da classe média brasileira. Nesse momento, parei de me incomodar com o meu estado de sardinha enlatada. Deixa a pessoa ficar no seu mundo idiota. Deixa ela achar que é melhor que as outras. Ela, seus quilos a mais, seus brincos-anéis-e-pulseiras, a infelicidade com a vida aparente em seu rosto e a Veja. Que combinação!!

****

Quando acho que acabou, hoje acontece outro episódio. E, por mais que pareça perseguição minha, não é!

Duas mulheres, de meia-idade e também gord - deixa pra lá - entram no vagão onde estou. Atropelam as pessoas - para não dizer que foram mal educadas, pediram, ou melhor, sussurraram a palavra "licença" - e finalmente atingem o tão sonhado balaustre. E fazem isso rindo, como se fosse a coisa mais natural e legal do mundo. Deixaram um rastro de pessoas aborrecidas e mesmo assim acham normal. Lamentável.