segunda-feira, abril 23, 2007

Sobre poder e justiça

É consenso de que, se você quer atacar um modo de vida, uma cultura ou uma sociedade, nada melhor do que atacar o que representa esses valores. O 11 de setembro de 2001 foi assim. Osamão atacou símbolos. E como isso atingiu uma sociedade inteira. A queda do Muro de Berlim significou muito mais do que a derrubada de um amontoado de concreto e ferro. Significou a queda de um regime.

O que aconteceu sábado, em pleno antro maldito, pode ser considerado como a queda de um símbolo. Um símbolo que reúne alienados (sejamos justos: são em sua maioria, mas não são todos) e que representa corrupção, falta de ética, entre outros adjetivos tão nefastos quanto a própria existência desse clube. Essa queda pode ser creditada às entidades que, de hora em outra, resolvem acordar de seu sono. Que olham para baixo e agem como se quisessem dar um pouco de ordem ao caos. Falo dos Deuses do Futebol.

Muito pode ser dito sobre a humilhação, a queda de quatro (no sentido mais amplo possível, incluindo o literal), os planos frustrados de uma corja de usurpadores e a consequente vergonha da exposição de um esquema que visava o benefício da parte em detrimento do todo. O poder em vigência no futebol paulista levou um golpe. Pode se recuperar, é verdade. Mas o fato é que esse golpe foi sentido. E pode ser o início de uma virada.

Tudo começou quando a FPF, certa de que as vagas nas finais do Campeonato Paulista já tinham donos: São Paulo e Santos; e também com um lobby da diretoria de um dos times de impugnar qualquer possibilidade de que uma dessas partidas fosse disputada na Vila Belmiro. Surgiu então a campanha, pública, para que as finais e semi-finais fossem disputadas na capital, com jogos no Pacaembu e no Morumbi. Alegaram que o Morumbi, para conveniência da sua situação, era um campo neutro. O que nunca foi. Talvez um campo público, mas aí já é outra história. Enfim, conseguiram.

Sábado esse esquema ruiu. Ruiu por uma série de motivos (não vi o jogo, estava fritando pastéis no momento. Logo não esperem uma análise tática), entre eles o fato de que no futebol, é regra não subestimar. O 4 a 1 aplicado pelo São Caetano tem um efeito que transcende o futebol. Tem efeito moral. Foi quase como jogar toneladas de sabão, litros de água e dar uma limpada naquele lugar.

Com os bambis fora, qual a razão para se realizar as duas finais no Morumbi? Sim, duas, afinal com a visita da velhinha do Vaticano, o estádio mais charmoso e de melhor acesso de São Paulo estará inutilizável, fato que já era de conhecimento de todos há algum tempo e que expõe ainda mais o esquema sujo realizado por FPF e bambis. É justo Santos e São Caetano jogarem fora de casa por isso? Ainda pior: é justo o time perdedor receber uma boa quantia em dinheiro por um aluguel desnecessário?

Parto então para outro tema delicado. Mas sem me estender, já que alguém fez isso de forma muito completa e bem feita. Eu não quero pagar por um estacionamento que não vou usar. A cidade de São Paulo não merece pagar por algo que não será público. Ao que me parece, o futebol paulista está reescrevendo certas histórias que deveriam ter ficado nos idos da década de 30 e 40. Mas a justiça já começou a ser feita. Vamos ver até onde ela vai.

6 comentários:

Rodrigo Barneschi disse...

Grande noite a de sábado. Um pouco de justiça não faz mal a ninguém. E aí eu me lembro de uma coisa: o Palmeiras já perdeu muitas vezes, disputas recentes e traumáticas, mas nunca fomos humilhados assim no jogo derradeiro. Sempre lutamos até o fim, normalmente até os últimos minutos.

Sobre os deuses do futebol: sempre fui um dos grandes defensores da existência deles, mas deixei de ser há quase um ano, exatamente neste antro de podridão. Aguardo uma nova oportunidade para retomar a fé neles.

De resto, muito boa análise.

CHUPA, BAMBI!

CHUPA, FPF!

Rodrigo disse...

Eu nunca duvidei da existência dos citados. Apenas acho que, como todo mundo, eles tiraram uma folga.

Faço minhas suas palavras. O Corinthians também lutou sempre, até o fim. E a torcida, ao invés de ficar provocando um suposto rival (entre rivais há respeito e reconhecimento, o que não acontece nesse caso), apóia seu time. Foi uma grande noite: pelo resultado e pelos pastéis, que ficaram ótimos.

Abs!

Anônimo disse...

Eu não tô acreditando que tu chamou o MorumTRI de antro... parei de ler por ali, pq me pareceu recaaaaaaaaalque corinthiano. :P

Maximo disse...

Como santista não poderia estar mais alegre.
A diretoria do SPFC afirmou q nao jogaria a final na Vila Famosa....

aí está. não vão jogar a final em lugar nenhum.

O BI já perdeu a graça.
Ver o SPFC de fora foi melhor

Felipe Maciel disse...

Oi, Rodrigo
Passando aqui pra responder: sobre a Spyker, o que eu li foi que eles perderam pro avião mas foi por pouco.
E quanto à postagem do vídeo, é claro que pode ficar à vontade, nem precisava perguntar, até porque o youtube é um espaço público e mesmo assim, quem foi que nunca pegou um post emprestado do parceiro, né? Sei que esse vídeo é muito importante pra você, ele é inesquecível, só não é mais inesquecível porque você conseguiu manter o emprego hehehehe Quando vc comentou no blog do Capelli sobre isso, eu imaginei que vc tava aumentando a história pra dar mais graça, mas quando vc comentou no meu blog percebi que a parada foi séria mesmo... Caramba, ainda bem que não aconteceu nada grave, hein. Vê se ri pra dentro da próxima vez.
Abs

Rodrigo disse...

Antro sim!!!!

E quinta é a vez do Náutíco.

hahaha